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5 Razões para usar a metacognição na sua aula (e vários exemplos de como fazer!)


Menina pensativa com balão de pensamenro saindo de sua cabeça

Quem está em sala de aula há tempos já percebeu que há um limite para o que os professores podem fazer em termos de otimização da aprendizagem dos alunos. Isso porque, com o entendimento de que a aprendizagem é um processo biologicamente ativo, fica claro que o fenômeno não pode acontecer de forma eficaz à revelia do estudante. A questão é? Como direcionar os alunos para uma aprendizagem autônoma, então?


Não há outro caminho senão por meio de abordagens metacognitivas estruturadas por parte dos professores. Só assim haverá autonomia e o verdadeiro "aprender a aprender" será posto em prática.

Essa técnica visa desenvolver habilidades de autorreflexão e autoavaliação nos estudantes, levando em consideração o funcionamento do cérebro. Neste artigo, exploraremos as técnicas de metacognição baseadas em pesquisas neurocientíficas, oferecendo uma visão abrangente de como potencializar a aprendizagem dos alunos.


O QUE É METACOGNIÇÃO?

A metacognição é uma habilidade cognitiva complexa, que envolve a ativação de diferentes regiões cerebrais. Estudos indicam que a autorreflexão e a consciência do próprio pensamento ativam áreas como o córtex pré-frontal, responsável pelo controle executivo, e o córtex cingulado anterior, envolvido na regulação emocional. Ao compreender essa base neural, os educadores podem implementar técnicas que estimulem o desenvolvimento metacognitivo dos alunos de forma mais eficaz.


5 RAZÕES PARA USAR A METACOGNIÇÃO NA SUA AULA


Professora negra sorrindo em pé à frente dos alunos em uma sala de aula

1) Planejamento e Estabelecimento de Metas

O cérebro humano tem uma tendência natural a buscar objetivos e recompensas. Ao utilizar técnicas de planejamento e estabelecimento de metas, os estudantes ativam o sistema de recompensa do cérebro, estimulando a motivação intrínseca. Além disso, o planejamento estratégico ativa o córtex pré-frontal, que desempenha um papel essencial no controle de impulsos e no foco da atenção, favorecendo a aprendizagem.


Uma boa forma de fazer isso em sala é incentivando os alunos a definir metas específicas e alcançáveis para suas tarefas acadêmicas. Por exemplo, em vez de dizer "faça seu melhor nesta tarefa", peça-lhes para estabelecer metas específicas, como "quero melhorar minha pontuação em matemática em 10% neste trimestre". Estabelecer metas claras proporciona aos alunos um senso de propósito e direção e evita a paralisia por execesso de opções ou por superavaliar o esforço a ser gasto em uma tarefa.


Outro ponto importante é fazer conexões com a vida real: Ajude os alunos a entenderem a relevância das tarefas e conceitos acadêmicos em suas vidas. Mostre como o que estão aprendendo pode ser aplicado em situações do cotidiano ou em carreiras futuras. Isso ajuda a aumentar o interesse e a motivação intrínseca, pois os alunos veem um propósito e valor real em seu aprendizado.

Com senso de propósito, fica mais fácil criar metas e querer alcançá-las. Ninguém se envolve em projetos sem saber o objetivo final.

Tanto se fala sobre o assunto no mundo do trabalho, mas quando se trata de educação, impõem-se regras aos alunos sem que possam questioná-las. Não há motivação que resista a isso.


2) Autoavaliação

A neurociência demonstra que a autoavaliação promove a ativação de áreas associadas à consciência e à tomada de decisões, como o córtex pré-frontal medial e o córtex parietal. Estimular os alunos a refletirem sobre seu próprio desempenho e a identificarem áreas de melhoria ativa essas regiões cerebrais, permitindo que desenvolvam a autorregulação do aprendizado. Essa prática fortalece as conexões neuronais e aprimora a capacidade de autoavaliação ao longo do tempo. É importante, entender apenas, o grau de maturidade dos alunos para o tipo de ferramenta de autoavaliação utilizada.


Seguem 4 dicas de como aplicar autoavaliação em sala de aula:

  • Jornal de aprendizagem: Peça aos alunos para manterem um diário ou um "jornal de aprendizagem", onde eles podem refletir sobre seu próprio desempenho, progresso e áreas de melhoria. Eles podem registrar suas experiências de aprendizado, desafios enfrentados, estratégias utilizadas e insights obtidos. Incentive-os a fazer perguntas a si mesmos, como "O que eu aprendi hoje?" e "O que posso fazer para melhorar?". Isso promove a autorreflexão e estimula a ativação das áreas cerebrais associadas à consciência e à tomada de decisões.


  • Avaliação de metas pessoais: Peça aos alunos para estabelecerem metas de aprendizado pessoais e, em seguida, avaliarem seu progresso em relação a essas metas. Eles podem usar uma escala de avaliação ou responder a perguntas relacionadas às metas estabelecidas. Por exemplo, eles podem perguntar a si mesmos: "Em uma escala de 1 a 5, o quanto eu estou progredindo em relação à minha meta?". Essa prática encoraja a autorreflexão e ajuda os alunos a desenvolverem a capacidade de avaliar seu próprio desempenho.

Em alguns casos, o professor ou professora podem sugerir metas em conjunto com a turma, e atualizarem as metas quando acharem necessário.

  • Peer assessment (avaliação entre pares): Incentive os alunos a se envolverem na avaliação mútua de seus trabalhos. Eles podem fornecer feedback construtivo uns aos outros, identificando pontos fortes e áreas que precisam de melhoria. Esse processo de avaliação entre pares promove a reflexão sobre o próprio desempenho e permite que os alunos vejam diferentes perspectivas e abordagens. Nesses casos, a mediação do professor é necessária nas primeiras rodadas, até que todos estejam à vontade para dar e receber críticas. O professor deve orientar os alunos em como fornecer comentários que sejam construtivos e que possam, efetivamente, ser utilizados para crescimento mútuo.


  • Conferências individuais: Realize conferências individuais com os alunos para discutir seu progresso e desempenho acadêmico. Durante essas conversas, encoraje-os a refletir sobre seu próprio aprendizado, identificar áreas em que estão se saindo bem e áreas em que desejam melhorar. As conferências individuais permitem uma interação mais direta e personalizada, fornecendo oportunidades para os alunos se envolverem ativamente na autoavaliação. Tais conferências podem gerar desconforto nos alunos no princípio, e dependendo da turma, pode não ser a melhor abordagem.


  • Autoavaliação formativa: Introduza práticas de autoavaliação durante ou após atividades de aprendizado. Por exemplo, os alunos podem preencher uma rubrica de avaliação ou um questionário que lhes permita avaliar seu próprio trabalho e compreensão. Isso ajuda a desenvolver habilidades metacognitivas, permitindo que eles identifiquem suas próprias forças e áreas de melhoria.


Braço e mão segurando uma lapiseira escrevendo sobre um papel em uma mesa cheia de papeis e com uma xícara

3) Monitoramento da Compreensão

O monitoramento da compreensão, quando os alunos pausam para verificar se estão compreendendo o conteúdo, estimula a ativação de áreas responsáveis pela atenção e memória, como o córtex temporal e o hipocampo. Essa técnica fortalece as redes neurais relacionadas à aprendizagem e à consolidação de informações, permitindo que os estudantes identifiquem e preencham lacunas no conhecimento de forma mais eficaz. Seguem algumas maneiras de direcionar tais momentos durante as aulas:

  • Paradas para reflexão: Durante uma aula expositiva ou leitura, interrompa o fluxo de informações em momentos estratégicos e incentive os alunos a fazerem uma pausa para refletir sobre o que acabaram de aprender. Eles podem escrever algumas frases resumindo o conceito principal, fazer anotações sobre suas dúvidas ou compartilhar suas percepções em pequenos grupos. Essas pausas para reflexão permitem que os alunos monitorem sua própria compreensão e identifiquem possíveis lacunas no conhecimento. Aqui é muito importante que haja tempo para o aluno refletir. Aulas corridas pautadas na finalização de conteúdos curriculares viram maratonas ineficazes e estressantes para professores e alunos.


  • Questionamento guiado ou inquiry-based learning: Faça perguntas aos alunos durante a apresentação de informações ou ao longo de uma atividade de aprendizado. Em vez de perguntas simplesmente factuais, tente fazer perguntas que exijam que os alunos apliquem o conhecimento, façam conexões ou expressem suas próprias opiniões. Essas perguntas incentivam os alunos a monitorarem sua compreensão, avaliar seu nível de entendimento e refletir sobre o conteúdo. É importante que os professores saibam quais perguntas fazer e como fazê-las para obter melhor aproveitamento da técnica.


  • Metacognição compartilhada: Promova a discussão em sala de aula, incentivando os alunos a compartilharem seus processos de pensamento enquanto estão aprendendo. Peça-lhes para explicarem como estão acompanhando a compreensão do conteúdo, como estão monitorando seu próprio entendimento e quais estratégias estão utilizando para identificar lacunas de conhecimento. Essa prática estimula a metacognição e o desenvolvimento de habilidades de monitoramento da compreensão.


4) Uso de Estratégias de Aprendizagem

Diferentes estratégias de aprendizagem ativam diferentes regiões cerebrais. Por exemplo, criar resumos estimula a ativação do córtex pré-frontal, enquanto a elaboração de perguntas ativa o córtex parietal. Incentivar os alunos a experimentarem diversas estratégias e refletirem sobre sua eficácia promove uma maior conexão e integração entre as áreas cerebrais, fortalecendo a retenção e a recuperação das informações. Atenção aos exemplos de aplicação em sala de aula:

  • Criar resumos: Após a leitura de um texto ou aula expositiva, peça aos alunos que criem resumos concisos das informações principais. Eles podem usar palavras-chave, frases curtas ou diagramas para resumir o conteúdo. Essa atividade estimula a ativação do córtex pré-frontal, responsável pelo planejamento e organização, além de promover a compreensão e a retenção do material. Mas lembre-se: nem todas as matérias combinam muito com a criação de resumos, e alunos com menos habilidades para a escrita podem sentir-se ainda mais estressados na realização da tarefa. O importante é que conheçam as maneiras pelas quais têm mais facilidade para estudar.


  • Elaboração de perguntas: Incentive os alunos a elaborarem perguntas relacionadas ao conteúdo estudado. Eles podem criar perguntas de múltipla escolha, perguntas abertas ou até mesmo perguntas que exijam respostas detalhadas. Essa estratégia ativa o córtex parietal, que desempenha um papel importante na formulação e processamento de perguntas, e ajuda a fortalecer a compreensão e a retenção das informações.


  • Prática espaçada: Em vez de concentrar toda a prática em um único momento, incentive os alunos a espaçarem a prática ao longo do tempo. Por exemplo, ao estudarem para uma prova, eles podem reservar pequenos intervalos de estudo em diferentes dias, em vez de um único estudo intensivo. Essa abordagem promove uma maior ativação do córtex pré-frontal, que está envolvido no planejamento e na organização do aprendizado, além de ajudar na retenção a longo prazo.


  • Uso de recursos visuais: Encoraje os alunos a criarem mapas mentais, diagramas, gráficos ou tabelas para organizar visualmente as informações. Esses recursos visuais estimulam a ativação de regiões cerebrais como o córtex pré-frontal e o córtex temporal, que estão envolvidas na organização espacial e na codificação visual, facilitando a compreensão e a retenção das informações.


  • Ensino entre pares: Promova a prática de ensino entre pares, onde os alunos têm a oportunidade de explicar conceitos uns aos outros. Isso não apenas ativa áreas cerebrais relacionadas à explicação e à compreensão, mas também fortalece as conexões neuronais e ajuda os alunos a consolidarem seus próprios conhecimentos enquanto se envolvem ativamente no processo de aprendizagem.




Sala de aula com alunos, sendo que um está com a mão levantada enquanto os outros olham para ele.


5) Feedback Construtivo

Pesquisas indicam que o feedback adequado ativa o sistema de recompensa cerebral e fortalece as sinapses envolvidas na consolidação do conhecimento. Ao fornecer feedback construtivo aos alunos, os educadores estimulam a ativação de áreas associadas à autorreflexão e ao ajuste de estratégias, fortalecendo as conexões neuronais necessárias para o aprendizado contínuo.


  • Feedback descritivo: Em vez de fornecer um feedback genérico, seja específico e descritivo sobre o desempenho dos alunos. Em vez de dizer "bom trabalho", forneça feedback que identifique o que eles fizeram bem e por quê. Por exemplo, "Seu argumento foi convincente porque você usou evidências relevantes e fez conexões claras entre as ideias apresentadas".


  • Feedback orientado a metas: Alinhe o feedback aos objetivos de aprendizagem estabelecidos anteriormente. Por exemplo, se o objetivo era melhorar a escrita argumentativa, forneça feedback direcionado para esse aspecto específico. Destaque pontos fortes e áreas que precisam de melhoria, oferecendo sugestões claras e práticas para o desenvolvimento contínuo.


  • Feedback oportuno: Forneça feedback o mais próximo possível da realização da tarefa ou atividade. Isso permite que os alunos façam conexões imediatas entre o feedback e seu próprio desempenho, aumentando a eficácia do aprendizado. Ao fornecer feedback imediato, você ativa as áreas cerebrais associadas à autorreflexão e ao ajuste de estratégias, fortalecendo as conexões neuronais necessárias para o aprendizado contínuo.


  • Feedback formativo: O feedback deve ser formativo, ou seja, fornecer orientações e direcionamentos claros para que os alunos possam melhorar seu desempenho. Ao invés de focar apenas nos erros, enfatize as áreas que estão progredindo e sugira ações específicas para que possam avançar ainda mais. O feedback construtivo ajuda a fortalecer as sinapses e a consolidação do conhecimento, permitindo que os alunos se engajem em um processo de aprendizado contínuo.


  • Feedback centrado no aluno: Reconheça e valorize o esforço e o progresso individual dos alunos. Elogie seus pontos fortes e ofereça orientações personalizadas para que possam desenvolver suas habilidades de forma progressiva. Isso estimula o sistema de recompensa cerebral e fortalece a motivação intrínseca dos alunos.

Essas razões destacam a importância da metacognição como uma habilidade crucial para os alunos. Ao desenvolver a capacidade de refletir sobre o próprio pensamento e processo de aprendizagem, os alunos se tornam aprendizes mais eficientes, críticos e autônomos, preparando-se para enfrentar os desafios do mundo moderno.

Espero ter ajudado!

 
 
 

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