top of page

Inovação Além dos Limites: Os Horizontes Possíveis para Escolas de Excelência"



caixa de giz de cera colorido com menino desfocado escrevendo ao fundo


Essa semana, ao conversar com colegas de trabalho sobre determinada escola, me ocorreu um pensamento interessante. Falávamos sobre o quanto a escola em questão é uma instituição de


excelência e que entrega resultados há tempos, se mantendo em um patamar duradouro de alta performance.


"Nesse momento pensei: o que uma escola como essa deseja alcançar para além do que já entrega a seus alunos? Como gerar inovação em escolas de alta performance?"


Inovação, alguns diriam. Seria a resposta pronta.

Entretanto, o que seria inovar em um contexto como o descrito?

Trazer mais tecnologias?


Talvez, porém, como se vê há tempos, as tecnologias desempenham importante papel na educação, porém no sentido de ferramenta, instrumento ou meio, e não, finalidade.

Todo ano surge uma “nova lousa digital” que adentra os espaços escolares e se torna assunto por tempos, até se perceber que tecnologias sem intencionalidade são de pouco uso.


No momento em que escrevo esse texto há vários outros sendo produzidos acerca do uso de inteligência artificial na educação, a maioria deles, restrito ao uso de inteligências generativas, quando na verdade, a inteligência artificial já existe há tempos e pode (e deve) ser levada para a escola de formas diferentes para gerar dados concretos e auxiliar na análise de processos avaliativos.

Não acredito que inovar em uma escola de excelência seja se sustentar apenas em tecnologias isoladas.


menino escrevendo à lápis sobre papel

Outros poderiam dizer que a inovação em escolas de ponta recai sobre novas metodologias pedagógicas implementadas de maneira eficaz. Entretanto, sabemos o grau de dificuldade que que envolve a implementação de mudanças pedagógicas realmente expressivas e duradouras, em um contexto onde, normalmente, a ação se dá pela adoção de novos materiais didáticos ou ainda de elementos que não impactam de forma significativa a rotina de aprendizagem coletiva da escola. Por fim, surgem soluções fragmentadas que, implementadas isoladamente, perdem impacto.

O que é, então, inovar em uma escola que já opera em um nível alto de entrega?


A verdade é que não há uma resposta certa ou única para a pergunta. Porém, há alguns pontos que parecem fazer sentido quando pensamos em uma situação como essa.

Em escolas que alcançaram níveis de excelência desejáveis (aprovações, boas notas em avaliações, etc) entende-se que o básico já está sendo feito na sala de aula, ainda que concordemos que aprendizagem não pode ser medida somente por resultados em avaliações. Entretanto, há níveis de complexidade que podem ser abordados no contexto da aprendizagem, dada a complexidade natural do próprio processo de aprender.


Explico: na maioria dos casos tratamos de aprendizagem focada na memorização de fatos e circunstâncias que envolvem processos cerebrais diversos, incluindo os de alta ordem. Entretanto, com o modelo que normalmente se apresenta no ensino básico, o trabalho permite desenvolver os alunos até determinado nível cognitivo.


Não entendam mal, a aprendizagem não ocorre em níveis crescentes e com limites de complexidade cognitiva definidos (como poderia dar a entender a taxonomia de Bloom) mas sim, de forma simultânea. Entretanto, quando conseguimos extrair dos alunos os processos cognitivos-base para se manterem com sucesso na escola, acaba-se a experiência, e nivela-se o potencial cognitivo a ser explorado em determinado ponto.


imagem geométrica mostrando construção artitficial de cérebro

Adicionalmente, a formação inicial dos professores raramente aborda processos cerebrais e metacognitivos com intencionalidade. Quando o fazem, são isolados e aparecem frequentemente como técnicas fragmentadas.

Um outro fator é que o desenvolvimento de cunho socioemocional, que influencia diretamente os processos de aprendizagem, é abordado também de forma isolada como disciplina, quando deveria e poderia ser eixo transversal ao currículo.



"A intencionalidade pedagógica deveria passar pelo conhecimento básico de funções cognitivas cerebrais para que os fazeres e estratégias fossem potencialmente ampliados para outros níveis."



Existem escolas, porém, que vão além e oferecem experiências e vivências tão variadas que inevitavelmente desenvolvem potencialidades em seus alunos. Ainda que ocorram tais vivências e estratégias, a intencionalidade pedagógica deveria passar pelo conhecimento básico de funções cognitivas cerebrais para que os fazeres e estratégias fossem potencialmente ampliados para outros níveis. Faz muita diferença saber o que está por detrás de técnicas ou métodos utilizados, entendendo que elevar os alunos a esse grau de metacognição os coloca na verdadeira categoria de aprendentes conscientes.


Mas como isso responde ao questionamento inicial? Como uma escola de excelência poderia inovar e ampliar ainda mais seu alcance educacional?


Respondo: transformando seus espaços, educadores e alunos de maneira que a metacognição e outras funções sejam eixos estruturantes dos processos de aprendizagem.

Nesse contexto, o verdadeiro aprender a aprender acontece. No dia a dia. O tempo todo.

Ouvimos tanto essa frase, mas poucos têm a verdadeira noção do que significa minimamente em níveis biológicos.

Para que se aprenda a aprender, é preciso primeiro que professores saibam o que aprender significa fisiologicamente: como acontece, o que afeta, quais são os fenômenos associados e como fazer os alunos perceberem e tornarem conscientes seus próprios processos de aprendizagem.


Para que uma escola ensine a ensinar não pode haver disparidade entre o que se ensina e o como se ensina. Isso porque nessa escola, todas as práticas precisam ser amigáveis ao aparelho de aprendizagem que é o cérebro (e o sistema nervoso como um todo). A transformação da escola para elevar o nível de aprendizagem ao ponto metacognitivo passa também por entender aspectos emocionais e utilizá-los a favor do processo como um todo, incluindo um olhar para o professor que vá além do individuo que precisa ser treinado para produzir.

Professores são parte do ecossistema de aprendizagem. Tais conhecimentos impactam a escola em todas as dimensões, pois alteram a concepção de espaço, do tempo e avançam para eixos que transcendem o físico, tal qual o psicológico.


Por fim, a escola que realmente transforma alunos necessita ser transformada por inteiro começando pela forma de pensar e entender o que é aprendizagem. Em todos os seus níveis.

O primeiro passo é trazer a neurociência para a escola.

 
 
 

Comentários

Avaliado com 0 de 5 estrelas.
Ainda sem avaliações

Adicione uma avaliação
bottom of page