Como Horários Escolares Afetam o Sono e o Desempenho dos Adolescentes
- Dra. Virgínia Chaves

- 21 de jan.
- 3 min de leitura

A rotina escolar dos adolescentes nem sempre respeita as necessidades biológicas deles. Durante a adolescência, o corpo passa por uma mudança significativa no ciclo do sono, o que impacta diretamente o aprendizado e o bem-estar. Apesar disso, muitas escolas mantêm horários tradicionais, começando as aulas muito cedo, o que vai contra as evidências científicas.
Neste artigo, vamos explorar como os ritmos biológicos influenciam a aprendizagem, o impacto dos horários escolares, e estratégias práticas para ajudar escolas e famílias a criar ambientes mais propícios ao desenvolvimento saudável dos jovens.
1. O que acontece com o sono dos adolescentes?
Durante a adolescência, ocorre um fenômeno conhecido como atraso de fase circadiana, em que o pico da melatonina (hormônio do sono) é liberado mais tarde à noite, levando os adolescentes a dormirem e acordarem mais tarde naturalmente. Esse processo é parte normal do desenvolvimento, mas é frequentemente ignorado pelas instituições escolares.
📌 O que isso significa?
Adolescentes precisam de cerca de 8 a 10 horas de sono por noite para manter funções cognitivas adequadas, mas muitos não conseguem alcançar essa meta devido a horários escolares precoces.
📚 Evidências científicas:
Um estudo publicado pelo Journal of Adolescent Health demonstrou que adolescentes que começam as aulas após as 8h30 apresentam melhor desempenho acadêmico, menos sintomas depressivos e maior saúde geral (Wheaton, Ferro & Croft, 2015).
Em uma revisão liderada por Louzada e Menna-Barreto (2003), ficou claro que a privação de sono está diretamente relacionada a problemas emocionais e de aprendizagem em jovens.
2. Impactos dos Horários Escolares no Aprendizado
Quando os adolescentes acordam cedo para ir à escola, eles frequentemente estão em um estado de baixa ativação cerebral (arousal), que prejudica a atenção, a memória e a capacidade de resolver problemas.
Principais consequências observadas em estudos:
Redução da capacidade de retenção de informações.
Maior propensão a erros em atividades cognitivas.
Aumento da sonolência durante as primeiras aulas, afetando o desempenho geral.
Alterações de humor, como irritabilidade e sintomas depressivos.
📚 Citação científica: "Adolescentes que não conseguem dormir o suficiente apresentam menor capacidade de concentração e um desempenho acadêmico significativamente reduzido" (Faculdade de Saúde Pública da USP, 2017).
3. O Papel das Escolas: Como Adaptar os Horários

Para escolas que não podem mudar seus horários, existem estratégias práticas que ajudam a minimizar os impactos negativos:
1️⃣ Organizar atividades mais leves no início do dia:
Comece as aulas com leituras guiadas, rodas de conversa ou atividades criativas.
Reserve tarefas cognitivas mais exigentes para horários intermediários, quando os alunos estão mais alertas.
2️⃣ Promover pausas estratégicas:
Inclua intervalos curtos e frequentes para ajudar no despertar gradual.
Incentive atividades ao ar livre durante os intervalos para aumentar os níveis de energia.
3️⃣ Sensibilizar toda a comunidade escolar:
Ofereça palestras para professores e pais sobre a importância do sono e dos ritmos biológicos.
Encoraje práticas pedagógicas que respeitem o tempo natural de cada aluno.
4. Como as Famílias Podem Ajudar
Enquanto mudanças nos horários escolares podem levar tempo, as famílias têm um papel essencial em ajudar os adolescentes a adotarem rotinas saudáveis.
📌 Dicas para pais e responsáveis:
Crie uma rotina de sono regular: Estabeleça horários consistentes para dormir e acordar, mesmo nos fins de semana.
Limite o uso de telas à noite: A luz azul dos dispositivos eletrônicos suprime a produção de melatonina. Proponha uma "zona livre de telas" ao menos 1 hora antes de dormir.
Incentive a prática de atividades relaxantes: Leituras leves, meditação ou músicas tranquilas ajudam a preparar o corpo para o sono.
Converse sobre a importância do sono: Ajude seu filho a entender como o descanso impacta a saúde mental e o desempenho acadêmico.
Respeitar os ritmos biológicos dos adolescentes não é apenas uma questão de saúde, mas também uma estratégia para melhorar o aprendizado e o bem-estar geral. Tanto as escolas quanto as famílias podem adotar mudanças práticas que, juntas, fazem uma grande diferença.
Contem conosco pra levar informações a respeito do assunto para famílias na escola e juntos, elaborar soluções que beneficiam a aprendizagem dos alunos!





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